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Adolescentes e redes Sociais: como diferentes condições mentais moldam a experiência online

Um estudo britânico revela que adolescentes com transtornos mentais utilizam as redes sociais de maneiras distintas, e mais vulneráveis, do que seus pares sem diagnóstico clínico.


Será que todos os adolescentes usam as redes sociais do mesmo jeito?

Talvez essa pareça uma pergunta simples. Afinal, para quem vê de fora, a rotina digital dos adolescentes pode parecer parecida: muitas horas online, selfies, vídeos, curtidas e mensagens trocadas a todo instante. Mas a ciência acaba de mostrar que essa semelhança é apenas aparente.

Um estudo publicado recentemente na revista Nature Human Behaviour1 revela que a forma como os adolescentes interagem com as redes sociais varia bastante — e essa variação está diretamente ligada ao estado da saúde mental de cada um.

Vídeo explicativo sobre o tema

O que motivou essa pesquisa?

Nos últimos anos, cresceu o interesse em entender como o uso intenso das redes sociais impacta a saúde mental dos jovens. O problema é que muitas dessas pesquisas tratam os adolescentes como um grupo único, sem levar em conta que eles vivem realidades mentais muito diferentes entre si.

Este novo estudo preenche essa lacuna. Ao diferenciar adolescentes com e sem diagnósticos clínicos, os pesquisadores conseguiram revelar nuances importantes, e até então invisíveis, sobre como a saúde mental influencia a vivência digital.


O que o estudo descobriu?

A pesquisa analisou dados de 3.340 adolescentes entre 11 e 19 anos no Reino Unido. Esses dados incluíam diagnósticos clínicos formais e informações detalhadas sobre o uso de redes sociais.

Veja o que eles encontraram:

  • Adolescentes com condições de saúde mental passam mais tempo conectados às redes sociais e se sentem menos satisfeitos com o número de amizades online.
  • Jovens com transtornos internalizantes (como ansiedade e depressão) tendem a se comparar mais com os outros nas redes e a serem mais afetados emocionalmente pelo feedback que recebem. Além disso, sentem-se menos à vontade para se expressar com honestidade e autenticidade online.
  • Jovens com transtornos externalizantes (como TDAH ou transtorno de conduta) não demonstraram grandes diferenças emocionais, mas sim um uso mais prolongado das redes.

Em resumo: a saúde mental influencia não só quanto tempo os adolescentes passam nas redes, mas como eles se sentem e se comportam ali.


Como essa pesquisa foi feita?

O diferencial do estudo está na combinação de dados clínicos rigorosos com respostas de autorrelato sobre o uso das redes sociais. Os pesquisadores usaram uma amostra ampla e representativa da população britânica, e dividiram os participantes conforme diagnósticos clínicos previamente estabelecidos.

Esse cruzamento de dados permitiu ir além da quantidade de tempo online, alcançando aspectos mais subjetivos e qualitativos da experiência digital.


Por que isso é importante?

Saber que adolescentes com diferentes condições mentais vivenciam as redes sociais de formas distintas tem implicações muito práticas.

Isso pode ajudar:

  • Pais e educadores a entenderem melhor os comportamentos digitais de seus filhos e alunos;
  • Profissionais de saúde mental a desenvolverem abordagens mais específicas para apoiar jovens em sofrimento;
  • Plataformas digitais a criarem ambientes mais seguros e acolhedores;
  • Formuladores de políticas públicas a desenharem estratégias mais justas e eficazes de regulação e educação digital.

Quando tratamos todos os adolescentes como iguais, corremos o risco de ignorar quem mais precisa de atenção.


Conclusão

Este estudo mostra, com clareza, que a saúde mental molda profundamente a experiência dos adolescentes nas redes sociais. Em vez de pensar no “jovem médio”, é hora de reconhecer que cada história mental carrega desafios e sensibilidades únicas, inclusive no mundo digital.

Ao entender essas diferenças, podemos construir uma internet mais humana, mais empática e mais saudável para todos.


REFERÊNCIAS:

  1. Fonte original:
    Fassi, L., Ferguson, A. M., Przybylski, A. K., Ford, T. J., & Orben, A. (2025). Social media use in adolescents with and without mental health conditions. Nature Human Behaviour. Link para o artigo ↩︎

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