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Como microrganismos marinhos Influenciam o Clima Global

A surpreendente descoberta sobre algas invisíveis que ajudam a formar nuvens e resfriar o planeta


Imagine que o clima da Terra esteja sendo regulado, em parte, por seres tão pequenos que você nunca verá a olho nu.

Eles vivem nos oceanos, produzem um composto invisível e silenciosamente ajudam a formar nuvens. Essa história começa com um nome complicado, dimetilsulfoniopropionato (ou DMSP), mas leva a uma conclusão fascinante: certos microrganismos marinhos podem estar entre os grandes protagonistas da regulação climática do planeta.

E agora, graças a uma nova descoberta, sabemos que o papel dessas algas é ainda maior do que se imaginava.

vídeo explicativo sobre o tema


O que é DMSP, e por que ele importa tanto?

O DMSP é um composto orgânico contendo enxofre, produzido por diversos organismos marinhos. Ele funciona como um escudo protetor contra estresses ambientais, ajuda na comunicação entre organismos e está diretamente envolvido na ciclagem de nutrientes nos oceanos.

Mas o impacto mais impressionante do DMSP acontece quando ele se transforma em gás dimetilsulfeto (DMS), que sobe para a atmosfera, influencia a formação de nuvens e pode afetar o clima ao refletir a luz solar de volta ao espaço. Sim, literalmente, ele ajuda a resfriar a Terra.

Por isso, entender quem produz DMSP e como ele é fabricado se tornou uma questão essencial para a ciência climática.


A grande descoberta: mais algas produzem DMSP do que se imaginava

Pesquisadores descobriram uma nova enzima chamada DsyGD em bactérias marinhas e em cianobactérias filamentosas, organismos que antes não eram conhecidos como produtores de DMSP.

Mas a surpresa maior veio ao encontrar enzimas semelhantes, chamadas DSYE, em várias algas marinhas, especialmente nas Pelagophyceae. Essas algas microscópicas, presentes em oceanos do mundo todo, agora são vistas como um dos maiores grupos produtores de DMSP do planeta.

Ou seja: elas não apenas produzem esse composto, como podem ser as principais responsáveis por manter o sistema de formação de nuvens que regula nosso clima.


Como os cientistas chegaram a isso?

Usando uma combinação de genética, bioquímica e análises de proteínas, os pesquisadores conseguiram mapear novas rotas de produção de DMSP. Eles identificaram os genes envolvidos, testaram a atividade das enzimas em laboratório e confirmaram que essas vias de produção estão ativas em organismos vivos.

Foi como encontrar um novo tipo de engrenagem em uma máquina que conhecíamos mal — e perceber que ela é muito mais poderosa do que pensávamos.


Por que isso muda tudo?

Antes, acreditava-se que apenas alguns organismos específicos conseguiam produzir DMSP. Com essa nova descoberta, sabemos que muitos outros também estão envolvidos — especialmente as Pelagophyceae, algas extremamente abundantes nos oceanos.

Isso muda completamente os modelos que usamos para prever o comportamento do clima. Se mais organismos produzem DMSP, a quantidade de DMS na atmosfera pode ser maior do que estimávamos — o que altera previsões sobre formação de nuvens, temperatura e até estratégias de combate às mudanças climáticas.

Além disso, essa descoberta mostra como a biodiversidade marinha tem um papel invisível, porém fundamental, no equilíbrio do planeta.


Conclusão: o invisível que mantém tudo em equilíbrio

A ciência acabou de nos lembrar que o pequeno pode ser imenso. Que algas microscópicas, produzindo compostos em volumes que jamais veríamos, são parte da engrenagem climática da Terra.

E que ainda temos muito a aprender sobre como os oceanos, e seus habitantes invisíveis, moldam o nosso mundo.

Da próxima vez que olhar para o céu e vir uma nuvem, talvez valha a pena lembrar: o oceano teve algo a ver com isso.

Artigo Científico Selecionado

Título: Alternative dimethylsulfoniopropionate biosynthesis enzymes in marine bacteria and eukaryotic algae
Autores: Jinyan Wang, Andrew R. J. Curson, Shun Zhou, Ornella Carrión, Ji Liu, Ana R. Vieira, entre outros
Publicado em: Nature Microbiology, Volume 9, páginas 1979–1992 (2024)
Link ou DOI: https://www.nature.com/articles/s41564-024-01715-9Nature+1Nature+1

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