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HDL: O “Colesterol Bom” Pode nem sempre ser tão bom assim.

Um novo estudo revela que a composição do HDL, e não apenas sua quantidade, pode influenciar negativamente a saúde cardiovascular.

Durante décadas, o HDL (lipoproteína de alta densidade) foi celebrado como o “colesterol bom”, associado a uma menor incidência de doenças cardíacas. A lógica era simples: níveis elevados de HDL no sangue ajudariam a remover o excesso de colesterol das artérias, protegendo o coração.

No entanto, pesquisas recentes estão desafiando essa visão simplista. Um estudo publicado no Journal of Lipid Research1 em janeiro de 2025 sugere que o conteúdo de colesterol livre no HDL pode, na verdade, contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Vídeo explicativo sobre o tema


Por que esse tema é importante?

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Durante muito tempo, o foco da prevenção esteve em controlar o colesterol total e o LDL, o famoso “colesterol ruim”. Já o HDL sempre teve fama de mocinho: quanto mais alto, melhor. Mas e se essa ideia estiver incompleta?

Esse novo estudo convida a ciência e a medicina a olharem além da quantidade e passarem a considerar a qualidade do HDL. Isso pode mudar a forma como interpretamos exames de sangue, desenvolvemos medicamentos e orientamos pacientes.


O que o estudo descobriu?

Os pesquisadores identificaram que o conteúdo de colesterol livre presente no HDL pode estar diretamente relacionado ao acúmulo de colesterol na parede das artérias, o que contribui para a formação de placas ateroscleróticas.

Em outras palavras, o problema não é o HDL em si, mas como ele está carregando o colesterol. Quando há uma proporção maior de colesterol “livre”, ou seja, não esterificado, dentro do HDL, isso parece afetar negativamente sua função de retirar o excesso de colesterol das células.

Esse acúmulo anormal está associado ao risco de entupimento das artérias, aumentando a probabilidade de eventos como infarto e AVC.


Como o estudo foi feito?

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores analisaram amostras de HDL isoladas de indivíduos com diferentes perfis lipídicos. Eles usaram técnicas avançadas para quantificar os tipos de colesterol presentes, principalmente a forma livre e a esterificada, e avaliaram como essas partículas influenciavam o transporte reverso de colesterol (o processo de remoção do excesso de colesterol das células).

Eles também testaram os efeitos desse HDL “enriquecido” em colesterol livre em células humanas, observando a capacidade de absorção de colesterol pelas células e a formação de cristais de colesterol — um marcador precoce da aterosclerose.


Por que isso importa?

Esse estudo pode ter profundas implicações clínicas. Hoje, muitas estratégias terapêuticas tentam aumentar os níveis de HDL no sangue, com a esperança de reduzir o risco cardiovascular. Mas se parte desse HDL estiver “disfuncional” por conter muito colesterol livre, ele pode não apenas ser ineficaz, como também prejudicial.

Isso significa que, no futuro, testes mais detalhados sobre a composição do HDL poderão ser necessários para realmente avaliar o risco cardiovascular de uma pessoa. Também abre portas para desenvolver terapias que não aumentem apenas a quantidade de HDL, mas que melhorem sua funcionalidade.


Conclusão

A velha máxima de que “quanto mais HDL, melhor” pode estar com os dias contados. Este estudo mostra que não basta olhar a quantidade, é preciso entender a qualidade desse colesterol.

Essa descoberta reforça um princípio cada vez mais claro na medicina: os números em si dizem pouco sem o contexto correto. O colesterol bom nem sempre é bom, e compreender essa nuance pode ser a chave para estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares.

Artigo Científico Selecionado

  1. Título: HDL-Free Cholesterol Influx into Macrophages and Transfer to LDL Correlate with HDL-Free Cholesterol Content
    Autores: Dedipya Yelamanchili, Baiba K. Gillard, Antonio M. Gotto Jr., Miguel Caínzos Achirica, Khurram Nasir, Alan T. Remaley, Corina Rosales, Henry J. Pownall
    Publicado em: Journal of Lipid Research, Volume 66, Edição 1, Janeiro de 2025
    Link ou DOI: https://doi.org/10.1016/j.jlr.2024.100707ScienceDaily+3EurekAlert!+3Discover Magazine+3 ↩︎

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